ESTATÍSTICA DO MOVIMENTO IMIGRATÓRIO

 

          A imigração alemã que queremos nos referir ocorre dentro do ciclo das grandes imigrações européias no século XIX, após as guerras napoleônicas e o início da primeira guerra mundial, notadamente no período compreendido de 1815 a 1914.

          Nesse recorte cronológico cerca de 60 milhões de pessoas emigraram da Europa; desses cerca de 5 milhões eram alemãs sendo que a maioria delas embarcou nos portos de Hamburgo e Bremen(1) se dirigiu para os Estados Unidos da América; entretanto, outros se estabeleceram no Brasil, no Canadá, na Argentina e na Austrália(2). Mas, além dos países acima citados havia colônias alemãs na Rússia Meridional, da Bessarábia até o Cáucaso, nas estepes siberianas, às margens do rio Wolga e os campos da Criméia, na antiga Turquestão e o rio Amur, na fronteira chinesa(antiga União Soviética); na Namíbia; na Argélia; no México; no Chile; na Venezuela e Nova Granada(Antilhas), em Java(Oceânia), Sumatra entre outras regiões.

          Salientamos que não há consenso em torno do número de imigrantes que o Brasil recebeu. No entanto, existe estatística que conclui que 4.904.021 imigrantes das mais diversas procedências e nacionalidades, no período entre 1819 a 1947 se estabeleceram no Brasil. Desse total 235.846 são classificados como alemães(3).

          Já para outro recorte histórico compreendendo o período de 1824 e 1914, segundo estatísticas alemãs, 5.431.100 pessoas emigraram. Cerca de 90% deixaram a Alemanha para colonizar os Estados Unidos da América do Norte. Para o Brasil, - observe as distorções nas estatísticas - contam-se para esse mesmo período um pouco mais de 2%(93.000 pessoas) do número total de emigrados(4).

          Lúcio Kreutz afirma que até 1929 o Brasil recebeu em torno de 223.000 imigrantes alemães(5).

          Confira tabela da emigração alemã conforme o país de destino, no período de 1847 a 1914:

EMIGRAÇÃO ALEMÃ TRANSATLÂNTICA CONFORME O PAÍS DE DESTINO, NO
PERÍODO DE 1847 A 1914,  VIA HAMBURGO E BREMEN
(6)

ANOS

Total de Imigrantes

Para os EUA

Para o Canadá

Para o Brasil

Para a Argentina

Para a Austrália

1847-1850

145.300

129.400

89,1%

09.600

6,6%

01.100

0,8%

-

-

4.800

3,3%

1851-1855

403.100

322.400

80,0%

16.400

4,1%

08.100

2,0%

-

-

11.700

2,9%

1856-1860

268.500

227.300

84,7%

10.200

3,8%

09.900

3,7%

--

--

7.000

2,6%

1861-1865

249.400

208.400

83,6%

10.800

4,3%

03.900

1,6%

-

-

7.000

2,9%

1866-1870

530.200

474.200

89,4%

14.800

2,8%

09.600

1,8%

-

-

2.200

0,4%

1871-1875

394.700

365.100

92,5%

00.900

0,2%

11.600

2,9%

0.700

0,2%

5.200

1,3%

1876-1880

228.100

195.300

85,6%

00.400

0,2%

09.300

4,1%

0.800

0,4%

4.700

2,1%

1881-1885

857.300

797.000

93,0%

02.700

0,3%

07.900

0,9%

3.000

0,3%

5.400

0,6%

1886-1890

485.200

440.100

90,7%

01.200

0,2%

10.900

2,2%

5.300

1,1%

2.500

0,5%

1891-1895

402.600

371.500

92,3%

11.300

2,8%

08.400

2,1%

3.600

0,9%

1.500

0,4%

1896-1900

127.200

107.400

84,4%

01.700

1,3%

04.000

3,1%

2.800

2,2%

1.000

0,8%

1901-1905

146.600

134.900

92,0%

01.200

0,8%

02.600

1,8%

1.800

1,2%

0.800

0,5%

1906-1910

133.100

120.300

90,4%

02.000

1,5%

01.400

1,1%

2.800

2,1%

0.700

0,5%

1911-1914

078.800

061.300

77,8%

03.300

4,2%

00.800

1,0%

3.600

4,6%

1.200

1,5%


          Há que se considerar que, devido a configuração político-administrativa, alguns grupos de nacionalidade tcheco-eslovaca, polonesa, ucraniana, iugoslava, húngara e outras, muitas vezes, para efeito estatístico, eram considerados austríacos. Também entre os russos que emigraram para o Brasil deveriam existir poloneses, lituanos, estonianos, ucranianos, como também alemães do Volga; outrossim, entre os alemães que se instalaram no Brasil deveriam estar os poloneses. Mas, para a quantificação de imigração seria conveniente levar em consideração o conceito étnico-linguístico de nacionalidade. Dessa forma deveríamos acrescentar aos alemães os que se apresentam como suíços e austríacos; já na soma dos austro-alemães devem ser subtraídos os poloneses, ucranianos, húngaros, tchegos, iuguslavos e outras nacionalidades tradicionalmente referidas aos austríacos até a desagregação do Império Áustro-Húngaro(7). Mas esse é um estudo que está por ser realizado.


NOTAS DE FIM

(1) Além de Hamburgo e Bremen eram utilizados os portos de Roterdã - foz dos Rios Meusa e Reno; Antuérpia - foz do Rio Escalda; Havre de Grace - no canal da Mancha, na França; Dunquerque, também na França, além de outros. Fonte: ABRANTES, Visconde de. "Memória sobre os meios de Promover a Colonização". In: Revista de Imigração e Colonização. Rio de Janeiro, ano II, números 2-3, 1941, pp. 834-5.

(2) ALVES, Débora Bendocchi. "A Imigração Alemã para o Brasil". In: JOCHEM, Toni & ALVES, Débora. São Pedro de Alcântara: 170 anos depois... São Pedro de Alcântara: Coordenação dos Festejos, 1999, p. 9.

(3) NADALIN, Sérgio Odilon. "Imigração Alemã no Brasil: Dois Problemas". In: III Colóquio de Estudos Teuto-Brasileiros. Porto Alegre: Ed. da URGS, 1980, p. 300.

(4) CUNHA, Jorge Luiz da. "Alemães Emigrantes: As Causas". JOCHEM, Toni Vidal(Org.). São Pedro de Alcântara - Aspectos de sua História. São Pedro de Alcântara: Coordenação dos Festejos, 1999, p. 17.

(5) KREUTZ, Lúcio. O Professor Paroquial. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS; Florianópolis: Ed. da UFSC; Caxias do Sul: EDUCS, 1991, p. 44.

(6) Fonte: MÖNCKMEIER, Wilhelm. Die deutsche überseeische Auswanderung, p.192; BURGDÖRFER, F. Wanderungen, p. 192 apud ALVES, Débora Bendocchi. "A Imigração Alemã para o Brasil". In: JOCHEM, Toni Vidal e ALVES, Débora. São Pedro de Alcântara - 170 Anos Depois... São Pedro de Alcântara: Coordenação dos Festejos, 1999, p. 12.

(7) NADALIN, Sérgio Odilon. Op. cit., pp. 298-299




PREZADO LEITOR


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